Alicerces da Yoga
Esse texto pretende trazer um pouquinho sobre os alicerces que mantém a prática de yoga. Independente do método escolhido (hatha, vinyasa, kundalini entre outros) existe um sistema filosófico que orienta o indivíduo ao longo da prática do autoconhecimento almejando a unificação (iluminação, Samadhi). Quem sistematizou a yoga foi Patanjali, em seu trabalho conhecido como "Yoga Sutras de Patanjali". Esse sistema também é conhecido como Raja Yoga, ou Yoga Real.
Os Hatha Yogis aceitam que todo crescimento mais elevado vem de dentro
e concordam que não há Raja Yoga sem Hatha Yoga,
porque descobriram que o corpo precisa de alguma preparação.
O Yoga Sutra de Patanjali é conhecido como o primeiro trabalho codificador de um sistema de Yoga que, até então, figurava nos Vedas e Upanishads de forma diluída e não sistematizada. O Yoga Sutra de Patanjali é chamado de Raja Yoga ou Ashtanga Yoga (Ashtanga significa oito partes) por apresentar oito passos definidos para se alcançar o Samadhi. São eles:
Yama (autocontrole);
Nyama (regras estabelecidas);
Asana (posturas);
Pranayama (controle da respiração);
Pratyahara (dissociação da consciência dos estímulos exteriores);
Dharana (concentração);
Dhyana (meditação) e
Samadhi (identificação com a consciência pura).
Os três primeiros passos são as missões externas (bahiranga sadhana). Yama e Niyama controlam as paixões e emoções do iogue e mantêm ele em harmonia com a sociedade. Asanas mantêm o corpo saudável e forte e em harmonia com a natureza. Ao aplicar esses primeiros passos, o iogue se torna livre dos obstáculos impostos pelo corpo (dor, fadiga, cansaço). Ele conquista o corpo e o torna um veículo para a alma.
As próximas duas etapas, Pranayama e Pratyahara, ensinam o indivíduo a regular a respiração e, assim, controlar a mente. Isso ajuda a libertar os sentidos da escravidão criada pelos objetos, pelo desejo. Esses dois estágios do Yoga são conhecidos como missões internas (antaranga sadhana).
Dharana, Dhyana e Samadhi levam o iogue para os recantos mais íntimos de sua alma. O iogue não olha para o céu para encontrar Deus, ele sabe que Ele está dentro, sendo conhecido como Antaratma (o Ser interior). Os últimos três estágios mantem o praticante em harmonia consigo mesmo e com seu Criador. Esses estágios são chamados antaratma sadhana, a busca da alma.
Agora que já aprendemos um pouquinho o significado dos Yoga Sutras de Patanjali, vamos entender como aplicar no nosso dia-a-dia cada um deles.
Vamos começar pela bahiranga sadhana, nossas missões externas.
Vamos começar pela bahiranga sadhana, nossas missões externas.
Os Yamas são cinco comportamentos que todo o iogue deve buscar:
Ahimsa, não violência;
Satya, verdade;
Asteya, não roubar;
Brahmacharya, controle da energia sexual, e
Aparigraha, desapego.
Também são cinco os Niyamas:
Shaucha, pureza de corpo, mente e discurso;
Santosha, contentamento;
Tapas, controle sobre a mente e sobre os sentidos e o corpo;
Svadhyaya, auto conhecimento;
Ishwara-pranidhana, devoção, entrega, fé.
Brahmacharya, controle da energia sexual, e
Aparigraha, desapego.
Também são cinco os Niyamas:
Shaucha, pureza de corpo, mente e discurso;
Santosha, contentamento;
Tapas, controle sobre a mente e sobre os sentidos e o corpo;
Svadhyaya, auto conhecimento;
Ishwara-pranidhana, devoção, entrega, fé.
Os Asanas são posturas, ou movimentos, feitos com o corpo. Tem como objetivo preparar o corpo físico do iogue para que ele possa ficar sentado por um longo tempo, para meditar sem desconforto.
Orientar a sua vida particular na observância dos yamas e nyamas são parte fundamental da prática de um iogue. Observem que os asanas representam apenas 1/8 da prática de yoga e o objetivo de praticá-los vai além do corpo físico. Yoga é uma prática que vai além do exercício. É um estilo de vida baseado em uma filosofia de bondade, paz e autocuidado.
Pranayama significa "expansão do Prana", sendo que Prana significa energia sutil, o sopro de vida. Pode ser entendido como a expansão da bioenergia no corpo humano através de movimentos respiratórios conscientes e estruturados. Respiração e mente são interdependentes e interpenetrantes por isso o uso de técnicas de respiração auxiliam o iogue a controlar a própria mente.
Com Pratyahara deixamos a parte mais física da yoga e a prática começa a ser mais voltada para os aspectos mentais, pois a parte física já foi preparada previamente. Pratyahara é a abstração dos cinco sentidos (olfato, paladar, tato, audição e visão). A partir da retração dos sentidos a mente poderá seguir os demais caminhos, concentração para aprender a meditar e, como consequência, alcançar a iluminação (Samadhi). O Yoga Sutra II:54 versa que "Quando os órgãos dos sentidos já não em contato com os próprios objetos assumem a natureza da mente, isso é Pratyahara."
A distinção entre Dharana, Dhyana e Samadhi é apenas superficial. Se diferencia com relação a capacidade contínua de meditar e a duração pela qual a mente pode permanecer fixa. Quando o Dharana, isto é, a meditação sobre seu objeto, pode ser mantido firmemente por pelo menos um período de 45 minutos, diz-se que alguém está pronto para o estágio do Dhyana. O Dhyana é apenas o processo do Dharana, retomado com mais firmeza. Quando aperfeiçoado, o iogue tem vislumbres do estado de Samadhi.
O Samadhi é o estado do Dhyana aperfeiçoado sobre o assunto, sem sequer pensar no que está sendo feito. Apenas um fraco reconhecimento do objeto, o Dhyeyya, permanece no fundo da mente. Esse estado é chamado Samprajnata Samadhi. Quando mesmo esse reconhecimento pela mente do iogue dessa condição no estado de meditação desaparece, diz-se que o iogue alcançou o que é chamado de Asamprajnata Samadhi.
Aqui foram apresentados os Yogasutras de Patanjali. Embora pareça um pouco confuso num primeiro contato, a partir de uma prática consciente e da meditação os ensinamentos vão se tornando cada vez mais claros.
Que todos os seres possam encontrar a paz,
Namastê
🕉
Referências:
Yoga of Gita - Shri Dnyaneshwar
Luz do Yoga - BKS Iyengar
Yoga Vidya
Yogasutras de Patanjali
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