Swadhyaya: Auto-estudo स्वाध्याय

Breve Introdução:

No texto "Os alicerces do yoga" foram abordados os oito membros do yoga, segundo os Yogasutras de Patanjali: Yama (autocontrole); Nyama (regras estabelecidas); Asana (posturas); Pranayama (controle da respiração); Pratyahara (dissociação da consciência dos estímulos exteriores); Dharana (concentração); Dhyana (meditação) e Samadhi (identificação com a consciência pura).  

Para relembrar, os Niyamas são cinco observâncias que todo o iogue deve buscar:
Shausha, pureza; Santosha, satisfação; Tapas, austeridade; Ishwara-pranidhana, entrega; e, Swadhyaya - auto-estudo.


Swadhyaya ou svadhyaya स्वाध्याय (palavra em sânscrito)Sva significa "auto" e adhyaya significa "estudo" ou "educação". Portanto, é o estudo sobre si mesmo [3; 7]. Podendo ter significados similares como,  auto-análise [6],  autorreflexão,  estudo das escrituras [2], autoconhecimento. 

"Quem sou eu?"  É a pergunta vital do processo de autoconhecimento e auto-análise e a resposta dessa pergunta não depende de outros, ou de ponderações intelectuais. A resposta vem através da experiência direta de nós mesmos com o nosso íntimo - o nosso Eu [4; 1]. A vida é um contínuo processo de aprendizagem. Ao praticar a auto-análise pode-se ver onde foram cometidos erros na vida e retificá-los. É possível ajustar e adaptar o comportamento para harmonizar o interior com o ambiente ao redor, desenvolvendo a habilidade de agir de maneira correta, dizer e pensar de maneira correta [5]. É como se o indivíduo fosse, ao mesmo tempo, leitor, autor e revisor do seu próprio livro [3]. Ao observarmos nossas fraquezas, nossos erros, temos a oportunidade de crescer e aprender. Analisar nossas ações nos leva a encontrar as motivações, as reações, padrões de pensamentos e comportamentos que nos levaram a cometê-los. Apenas entendendo e identificando esses padrões somos capazes de nos libertarmos das repetições, criando uma nova realidade. 

Mas como fazer isso?

"Temos que começar aceitando a nossa própria mente e natureza ao invés de nos escondermos dela" [5]. É olhar e analisar a mente na calma e com a intuição nascidas da prática da meditação [4]. "Você é aquilo que você pensa" e "o mundo é um reflexo dos seus pensamentos" são ditados que se aplicam aqui. A qualidade dos nossos pensamentos são de extrema relevância para a qualidade da vida. É necessário estar consciente do que acontece no nosso universo interior e, para alcançarmos os recônditos mais profundos, precisa de muita coragem e honestidade durante a prática de meditação. Aqueles sentimentos que, costumeiramente, tentamos camuflar mas que constantemente nos saltam à mente quando não estamos preparados, como medo, raiva, ganância, inveja, ciúme, luxúria, insegurança, dissimulação, mentira podem nos dominar, sugando toda a nossa energia e obscurecendo nossas potencialidades e qualidades positivas. É necessário o auto confronto se quisermos ampliar nossos horizontes e corrigir a imagem que temos de nós mesmos. "Talvez os motivos por trás de nossas ações não sejam nem mesmo conhecidos para nós" [5]  Quando adotamos uma posição de observador de nós mesmos, observando sem julgamento, praticando a equanimidade, conseguimos entender o que nos faz agir e reagir negativamente nas diferentes situações e, então, podemos tentar corrigir esses condicionamentos indesejáveis. Afinal, como versa Yoga Vidya "Devemos evitar todos os tipos de calúnias, pensamentos negativos sobre os outros, pensamentos egoístas, ciúmes, raiva etc (...) e em vez disso, vamos tentar pensar construtivamente, positivamente sobre os outros, enviando pensamentos úteis e amorosos para o ambiente, porque, afinal de contas, é nele que temos que viver" [5].

Podemos carregar o ambiente positivamente, 
gerando pensamentos que têm o poder de enaltecer 
o coração e o espírito [5].  

Quando mudamos nossos padrões de pensamentos percebemos que  "toda a criação é divina, existe divindade dentro de si e que a energia que o move é a mesmo que move o universo inteiro". Entenda a natureza de sua alma e fique em comunhão com o divino [3]O sutra II.44 explica Svadhyaya como a união com a divindade desejada  [6]

“A força de seu corpo, 
a força de sua mente, seu sucesso na vida 
o prazer que você proporciona aos outros pela sua companhia – 
tudo isso depende da natureza e qualidade dos seus pensamentos”  
[Swami Sivananda apud Yoga Vidya].

Svadhyaya também envolve o estudo de textos espirituais, ou sagrados, como um guia para o nosso universo particular [7]. De acordo com BKS Iyengar, "os livros sagrados do mundo são para todos lerem. Eles não são destinados apenas aos membros de uma fé em particular. Absorvendo coisas de outras religiões, lhe permitirá apreciar melhor sua própria fé [3]."

Além disso, pode-se estender o conceito de svadhyaya para a recitação de sons sagrados: cantar escrituras, mantras e outros sons sagrados levam o praticante a ter consciência do som que surge em sua garganta. Conforme a concentração se aprofunda naquele som, a sua consciência se torna clara e unificada ao som [8]

Na prática de yoga realizamos a recitação de mantras e a meditação. Vamos levar esses hábitos para a nossa casa? Organize um tempo para se dedicar a si mesmo, medite, se reconheça! 😊


Que todos os seres possam conhecer a si mesmos,
Namastê
🕉
स्वाध्याय

Referências:
[1] Chakra e Kundalini Workbook - Swami Anandakapila Saraswati, 2003
[2] Hinduism´s online lexicon dictionary
[3] Light on yoga - BKS Iyengar, 2005
[4] Om Yoga - Swami Nirmalananda Giri, 2006
[5] Sabedoria e princípios do yoga - Satyananda Yoga Vidya, 2005
[6] Understanding the yoga darshan - Yogacharia Ananda Balayogi Bhavanini, 2011
[8] Theories of the Chakras - Hiroshi Motoyama










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