Ai! Essa mente inquieta - I


"Ai! Essa mente inquieta" busca entender o funcionamento da nossa mente, dos nossos pensamentos, para que possamos desenvolver cada dia mais a meditação e a consciência. Esse primeiro texto traz um resumo de alguns trechos de livros importantes de grandes mestres do yoga, e pretende introduzir aos poucos o entendimento dos nossos processos mentais, de concentração, para adentrarmos no mundo da meditação."

          Cada indivíduo tem o seu próprio mundo mental, sua própria maneira de pensar, seu próprio jeito de compreender as coisas, e seu próprio modo de agir (SIVANANDA, 2011). Quando a mente está sobrecarregada de ideias superficiais e inúteis, ela perde a faculdade da concentração e do discernimento (DEVI, 1971). 
        
           Nossa mente comanda o corpo através da sugestão, mas ela também é passível de sugestões que vem de fora, através dos sentidos, das palavras, da simpatia, da telepatia, essas sugestões externas são chamadas de heterossugestões. 
      
         O nosso "eu" é manufaturado pela interação social e pelas sugestões ambientais (HERMÓGENES, 2014). Como resultado, a maioria das pessoas não chegam a formarem o hábito de pensarem por si próprias, de tomarem decisões e resolverem seus problemas (DEVI, 1971). Hermógenes complementa, afirmando que alguém que vive uma vida de heterossugestões tornaria-se imatura emocionalmente, incapaz de fazer uso de seus recursos íntimos, inteiramente dependente dos outros para pensar, falar e agir
         
          Contudo, o homem não está a mercê do ambiente, ao contrário, em toda natureza ele é o único ser capaz, voluntariamente, de fazer sugestões a si mesmo, ou seja - fazer autossugestão (HERMOGENES, 2014)!

A sugestão acaba por se realizar, 
cedo ou tarde, 
àquele que constantemente a afirmar.
       

Nunca se deve fazer uma autossugestão e ficar ansioso a espera dos resultados. É mais inteligente afirmar a saúde do que negar a doença; afirmar a serenidade do que negar o medo.

          Em última análise, nossa mente é a única fonte criadora de prazer, dor, fracasso, sucesso, bem estar, doenças (DEVI, 1971; SIVANANDA, 2011; HERMÓGENES, 2014). 

Ela [a mente], em si, não é nada mais do que 
"o registro de impressões que continuam se exprimindo incessantemente como impulsos ou pensamentos" 
(SIVANANDA, 2011).

               Já sabemos que a nossa mente é uma divagadora e que podemos cair em diversas armadilhas, e a pior armadilha que podemos cair é a que eu chamo de "novelo de lã"
Novelo de lã, como assim?
           Repare como um pensamento se desenvolve em muitos outros em pouco tempo. A Indra Devi apresenta um exemplo muito bom do comportamento da nossa mente e pensamentos, veja se o desenrolar não lembra o de um novelo de lã:

"Suponha que tivesse que se concentrar sobre uma rosa vermelha. Em primeiro lugar, começaria analisando-a pelo lado material, admirando-lhe a beleza, o colorido, a textura de suas pétalas. Nesse ponto, provavelmente, haveria a internalização de outros pensamentos: "É bem o tom do meu vestido novo", ou coisa semelhante. Seus pensamentos se orientariam para essa nova direção: "Aquele vestido foi muito admirado na festa do João. Que rapaz convencido! pediu-me que eu pensasse nele enquanto ele viaja... Quem mandou ele ir para a Europa? Vai ver já arranjou 10 namoradas lá!" E assim seguiria, numa progressão, até que a ideia da rosa vermelha ficasse tão longe de sua cabeça que, se alguém perguntasse qual era o objeto inicial para a meditação, você provavelmente não lembraria."

       Perceberam como a mente vai se enrolando? Enrolando em outros pensamentos, autossugerindo não verdades, e vai TE enrolando; no final você está igual um novelo de lã, enrolado em pensamentos, sem saber o que é realidade e o que não é (o que foi proposto, ou sugerido).          

         Nossa mente, se não estiver constantemente sendo observada, vive a nos pregar peças, a mente joga sujo! 

Você precisa compreender 
o seu caráter, 
seu jeito e 
seus hábitos 
para poder discipliná-la.

E qual a maneira para alcançarmos esse objetivo?
Praticando a concentração e meditação, claro!

A concentração vai fazer com que você consiga resgatar a sua mente quando ela divagar; a meditação vai desenvolver auto conhecimento, dessa maneira você vai conhecendo o comportamento mental, em busca de uma observação imparcial de sim mesmo. 

"Consciência é a observação muda e imparcial de tudo que acontece"
(KRISNAMURT apud DEVI, 1971).

            Durante os primeiros minutos de concentração, você terá que disciplinar várias vezes a corrente de pensamentos. Assim que notar que a sua mente está divagando, tome posse dela e traga-a de volta para o objeto de concentração (DEVI, 1971).

Vamos buscar a auto observação?
Que tal começar observando nossa respiração?



Que todos os seres possam ter paz, 
Namastê!



Você pode gostar de ler:

DEVI, INDRA; "Hatha Yoga - paz e saúde". 3º ed. RJ/1971
HERMÓGENES; "Autoperfeição com Hatha Yoga". 55º ed. RJ/2014 
SIVANANDA, SWAMI; "O poder do pensamento pela ioga". 5º ed. SP/2011




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