Ahiṃsā, não violência अहिंसा
No texto "Os alicerces do yoga" foram abordados os oito membros do yoga, segundo os Yogasutras de Patanjali: Yama (autocontrole); Nyama (regras estabelecidas); Asana (posturas); Pranayama (controle da respiração); Pratyahara (dissociação da consciência dos estímulos exteriores); Dharana (concentração); Dhyana (meditação) e Samadhi (identificação com a consciência pura).
Para relembrar, os Yamas são cinco comportamentos que todo o iogue deve buscar:
Ahiṃsā, não violência; Satya, verdade; Asteya, não roubar; Brahmacharya, controle da energia sexual; e, Aparigraha - desapego.
Neste texto será explicado sobre o primeiro Yama, Ahiṃsā - a não violência अहिंसा.
Os Yamas e Niyamas fornecem uma forte base moral e ética para a vida pessoal e social. Eles orientam as ações, com relação ao certo e ao errado, não apenas na vida pessoal de cada indivíduo e da relação com ele mesmo, mas também na unidade familiar e na sociedade. Essas mudanças de atitude e de comportamento que são propostas, podem ajudar na prevenção das causas de estresse que envolvem o dia-a-dia. Todas as observâncias feitas pelos yamas e nyamas tem como base o ahimsa, pois envolvem a prevenção de danos a nós mesmos e aos outros “Os outros niyamas e yamas estão enraizados em ahimsa, e são praticados para aperfeiçoá-lo cada vez mais, trazendo-o a tona em sua essência." Por isso ele é o primeiro yama e é considerado o mais importante.
O significado literal de ahimsa é abster-se de infligir sofrimento, é a não violência. Por origem, ahimsa é proibitivo ou restritivo: não violência. Porém a palavra não tem apenas o significado restritivo, os aspectos positivos de ahimsa são a bondade, a misericórdia, a compaixão, o serviço e a ajuda. Amor por toda a criação.
Viver em ahimsa é não causar intencionalmente nenhum dano ou dor a qualquer ser, em qualquer grau que seja. Ahimsa inclui estrita abstinência de qualquer forma de lesão em ato, discurso ou pensamento. Violência, verbal ou física; causar raiva ou danos maliciosos e uso indevido de objetos, são formas de violações da ahimsa.
A violência surge do medo, fraqueza, ignorância ou inquietação. Para refrear, o que é mais necessário é a libertação do medo. Para ganhar essa liberdade, é preciso uma mudança de perspectiva de vida e reorientação da mente. A violência está fadada a declinar quando os homens aprenderem a basear sua fé na realidade e na investigação, e não na ignorância e na suposição.
O aspirante a iogue deve perceber claramente que a observância do ahimsa deve incluir abstinência de comer carne de animal em qualquer forma ou grau, bem como o uso de qualquer coisa obtida por, ou derivado, do abate de animais. O iogue acredita que toda criatura tem tanto direito de viver quanto ele tem. Ele acredita que nasceu para ajudar os outros e olha para a criação com olhos de amor. Ele sabe que sua vida está intimamente ligada aos outros e ele se alegra se puder ajudá-los a serem felizes. Claro que apenas ser vegetariano não significa não ser violento por temperamento. Conhecidos tiranos mundo a fora podem ser vegetarianos, a violência é um estado de espírito, não de dieta. Ele reside na mente de um homem e não no instrumento que ele segura na mão dele. Pode-se usar uma faca para cortar frutas ou esfaquear um inimigo. A falha não está no instrumento, mas no usuário.
Ele não deve fazer nada em pensamento, palavra ou ação que prejudique seu corpo, mente ou espírito. Por outro lado, ele deve fazer quaisquer benefícios ao corpo, mente e espírito, pois a omissão deles também é uma forma de autolesão, como é a não observância de qualquer um dos yama ou niyamas. Não há valor em estar cercado por uma intenção positiva, a menos que nossa empatia e compaixão se materializem através de ações virtuosas, os pensamentos e crenças não farão bem se não agirmos sobre eles.
Durante a prática dos ásanas podemos observar a ahimsa respeitando os limites do nosso corpo, entendendo que estamos cuidando no nosso corpo físico e espiritual e que não há necessidade de pressa, de competir, de alcançar determinados padrões ou objetivos cujo caminho pode lesionar o nosso corpo ou desequilibrar a nossa mente. Sinta seu corpo, escute o que ele tem a dizer, não se desrespeite pois ao nos desrespeitarmos estamos nos violentando.
Durante a prática dos ásanas podemos observar a ahimsa respeitando os limites do nosso corpo, entendendo que estamos cuidando no nosso corpo físico e espiritual e que não há necessidade de pressa, de competir, de alcançar determinados padrões ou objetivos cujo caminho pode lesionar o nosso corpo ou desequilibrar a nossa mente. Sinta seu corpo, escute o que ele tem a dizer, não se desrespeite pois ao nos desrespeitarmos estamos nos violentando.
Pode-se dizer, então, que ahimsa é a ausência do desejo de ferir. No sentido mais alto, ahimsa é um estado mental de bondade e amor supremos, o qual impede naturalmente o sentimento de violência de prosseguir. “Ahimsa realmente denota uma atitude e um modo de comportamento para com todos os seres vivos com base no reconhecimento da unidade subjacente da vida."
Mas até que esse estado interior seja estabelecido, deve-se trabalhar o ahimsa ao contrário do que é feito na meditação: de fora para dentro, evitando qualquer forma de malefício.
Não é algo simples ser um iogue.
É se tornar uma fonte de alegria para todos que o cercam. Da mesma forma que os pais incentivam o bebê a dar os primeiros passos, o iogue incentiva os outros a encontrarem a felicidade. Sempre se esforçando no auto-aperfeiçoamento, ensina aos outros como melhorar a si mesmos através do exemplo, pelo seu amor e compaixão a todos, sem distinção.
Que todos os seres possam encontrar a paz,
Namastê
अहिंसा
ॐ
Referências:
Luz do Yoga - BKS Iyengar
Om Yoga - Swami Nirmalananda Giri
Principles and Methods of Yogaterapia - Ananda Balayogi Bhavanani
Yoga Chikitsa - Ananda Balayogi Bhavanani
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