Satya - a busca pela verdade सत्य
Breve Introdução:
No texto "Os alicerces do yoga" foram abordados os oito membros do yoga, segundo os Yogasutras de Patanjali: Yama; Nyama; Asana; Pranayama; Pratyahara; Dharana; Dhyana e Samadhi.
No texto "Os alicerces do yoga" foram abordados os oito membros do yoga, segundo os Yogasutras de Patanjali: Yama; Nyama; Asana; Pranayama; Pratyahara; Dharana; Dhyana e Samadhi.
Para relembrar, os Yamas são cinco:
Ahiṃsā, não violência; Satya, verdade; Asteya, não roubar; Brahmacharya, controle da energia sexual; e, Aparigraha - desapego.
Segundo Patanjali, a observância de Ahimsa torna o Sadhaka (monge) imune ao sentimento de inimizade de todos os seres. Satya o leva a obter os resultados desejados de qualquer ação sem muito esforço. Asteya leva à disponibilidade de riqueza ao iogue, o que for necessário para o benefício das pessoas carentes. Brahmacharya leva ao acúmulo de Veerya (energia vital) e, como resultado, Ojas (energia espiritual que é armazenada no cérebro). Ojas é a verdadeira força por trás da conquista do Brahman. O Aparigraha leva ao conhecimento dos nascimentos passados e futuros do iogue e acentua seu desejo de se livrar dos ciclos de nascimentos e morte.[4]
Nesse texto é abordada a qualidade de Satya - a busca pela verdade सत्य
A realidade, em sua natureza fundamental, é amor e verdade e se expressa através desses dois aspectos.[5] A vida do iogue deve obedecer estritamente a essas duas facetas da realidade. É por isso que ahimsa, que é essencialmente baseado no amor, é ordenado. Satya significa veracidade no pensamento, palavra e ação. É a regra mais alta de conduta ou moralidade. Diz-se que Satya é a coerência entre pensamentos, fala e atitudes [6]. É ser verdadeiro, autêntico e franco.
O discurso proferido para transmitir a própria experiência a outras pessoas precisa ser informativo [6].
“A palavra pronunciada com o propósito de comunicar o próprio pensamento a outrem é verdadeira, desde que não engane ou confunda. A palavra deve pronunciar-se não para ferir, mas para beneficiar. Porque, se ferir, não produzirá harmonia, apenas sofrimento.” Vyāsa
Ou seja, não deve ser enganoso, nem impreciso. O objetivo deve ser sempre ajudar todos os seres. "Mesmo que o discurso seja verdadeiro, se o objetivo final é apenas prejudicar os seres, não seria a verdade, seria um erro." Então, um discurso informativo quer dizer que esse discurso vale a pena, que ele é relevante e que é dito de maneira prática - objetiva, sem rodeios, sem ser prolixo ou verborrágico. É falar sobre aquilo que realmente conhecemos, através de nossa vivência ou do conhecimento obtido de fontes confiáveis. [6] É não mentir.
“A mentira, de qualquer forma, nos coloca em desarmonia com a lei fundamental da verdade e cria um tipo de tensão mental e emocional que impede nos de harmonizar e tranqüilizar nossa mente."[5]
Distorcer, dissimular, misturar mentiras com a verdade, ou recusar-se a falar (ou encarar) a verdade também são formas de mentir. Essas formas são comumente percebidas nos esforços manipulativos criados pela publicidade, pela política e pela religião. Vender coisas inúteis ou tolas, convencendo as pessoas de que elas precisam (ou mesmo vendendo sem convencê-los), é uma grave violação da veracidade, bem como tentar comprometer a verdade justificando que “todo mundo faz”.[6] É absolutamente crucial que o iogue consiga sobreviver apenas por meios honestos e verdadeiros.[6]
Falar demais, falar sem pensar e triturar trivialidades verbais também são uma forma de mentira, mesmo que não objetivamente falsas. O discurso tolo também não é ganho de qualquer um.[6]
Falar a verdade para magoar os outros não é realmente verdade. Satya é uma extensão de ahimsa, "O que é baseado em ferir outras pessoas, mesmo que livre de mentira, imprecisão ou ambiguidade, não é verdade ”. [4] Ou seja, você pode achar uma pessoa feia, mas você não vai dizer que acha ela é feia. Não é uma virtude falar uma verdade que magoará o outro.[6]
A intenção nunca deve ser ferir o interlocutor, mas devemos estar cientes de que existem algumas pessoas que odeiam a verdade de qualquer forma e acusam o outro de machucá-los pela honestidade. Essas pessoas costumam rotular a verdade (ou a pessoa que expressa a verdade) como "dura", "rígida", "divisiva", "negativa", "odiosa", "radical" e assim por diante. Portanto, “magoá-los” ou ofendê-los" é uma consequência da veracidade com a qual se convive.[6]
Aqui vale lembrar daquilo que o indivíduo pode controlar: pode-se controlar os pensamentos; pode-se controlar a fala e a maneira como se fala. Não pode-se controlar a reação do interlocutor, contudo deve-se assumir as responsabilidades pela verdade dita.
O silêncio também pode ser uma forma de mentira, particularmente ao tratar com os odiadores da verdade. Calar sob o disfarce da diplomacia ou do tato também é enganar. Da mesma forma, calar por medo da reação também é enganar.[6] Abuso, obscenidade, falsidades, calúnias ou fofocas e ridicularizar o que os outros consideram sagrado também é faltar com satya.[5]
Existem muitas formas não verbais de mentir, a vida inteira de algumas pessoas é uma mentira. Deve-se garantir que as ações praticadas pelo iogue sejam um reflexo da verdade.[6]
A verdade não é apenas para ser dita, é para ser vivenciada.
A honestidade em todas as conversas e relações com os outros é uma parte essencial da veracidade.
Se a mente pensa pensamentos de verdade, se a língua fala palavras de verdade e se toda a vida é baseada na verdade, então alguém se torna apto para união com o infinito. Aquele que aprendeu a controlar sua língua alcançou autocontrole em grande medida.[5]
O controle da fala leva à erradicação da malícia, pois quando os pensamentos não são maliciosos, terá espaço para a verdade e, dessa forma, as palavras e as ações serão caridosas com todos. Quando essa pessoa falar, ela será ouvida com respeito e atenção e suas palavras serão lembradas, pois serão boas e verdadeiras. Ela nunca engana ninguém; mesmo que seja verdade, não machuca ninguém.[5]
Uma das dicas para falar a verdade sem magoar o outro é a Comunicação Não Violenta (CNV) [1] que é capaz de estimular a empatia e a compaixão. Segundo o Centro de Valorização da Vida [2], um dos principais desafios da comunicação não violenta é praticar a capacidade de se expressar sem julgamento e sem "certo" ou "errado". Sem a busca por "vencer" um debate; sem ouvir a opinião do outro sem compreendê-la, apenas para poder contra argumentar. São 4 componentes que precisam ser expressados com clareza durante a comunicação não violenta: Observação, sentimentos, necessidades e pedido.
Aqui estão listadas 6 dicas [3] baseadas na Comunicação Não Violenta que podem ajudar a alcançar satya no dia-a-dia:
1 - Não parta do princípio que a pessoa fez de propósito: "O ser humano não gosta de ser tratado como se ele tivesse más intenções. Parta do princípio que a pessoa fez sem querer."
2 - Comece a conversa explicando o objetivo positivo dela: "Te chamei aqui para conversar porque tem uma coisa me deixando preocupado, e eu acho que nossa relação pode melhorar muito se encontramos uma solução juntos"
3- Fale como você se sentiu: "Ao invés de acusar dizendo "você fez aquilo para me magoar" diga "quando você fez aquilo eu me senti magoada". Lembre-se de Quando acontece x, eu sinto y.
4 - Fale de atitudes específicas, não de defeitos: "Ao invés de criticar a preguiça, ou a falta de noção de alguém, explique quais atitudes e situações específicas te incomodaram. Evite as palavras sempre e nunca." Fale sobre atitudes únicas e pontuais, não sobre padrões.
5 - Discuta soluções para o futuro, não sobre o passado: "Ao invés de debater o que a pessoa deveria ter feito, foque toda a sua energia no que fazer para o problema não se repetir. O objetivo é resolver, não culpar. Uma discussão não é uma caça a um culpado".
6- Se você também já cometeu esse erro no passado, compartilhe! A compreensão e a empatia ajudam o interlocutor a baixar a defesas.
Focando naquilo que é bom e que nos ajuda a evoluir, a minha sugestão é o mantra Om Shanti Om. A tradição recomenda que esse mantra seja repetido três vezes: uma para o corpo; uma para a fala e uma para a mente. Esse mantra remove tudo que interfere com a paz e pode ser usado antes de enviar uma mensagem, telefonar para alguém ou iniciar uma conversa, pois ele remove tudo que possa perturbar as interações pacíficas.
Que todos os seres possam encontrar a paz,
Namastê
ૐ
Referências:
[1]Comunicação não violenta - Marshall B. Rosenberg
[2]Centro de Valorização da Vida
[3]Eurekka.me
[4]Inner secrets of Raja Yoga
[5]Light on Yoga, BKS Iyengar
[6]Yoga Om, Swami Nirmalananda Giri
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