Começando a praticar


Um dia todos nós tivemos que começar. E, no início, ninguém executa com perfeição. 


Quando eu comecei a praticar yoga eu estava completamente sedentária. Com a musculatura fraca, sem alongamento, sem fôlego, sem concentração. Também nunca tinha feito aulas de dança quando era criança, por exemplo, e minha consciência corporal se baseava em saber quando eu sentia fome - hahahahaha 😆.


Essa postura Urdhva Dhanurasana (postura do arco para cima) ou Chakrasana (postura da roda) era/é desafiadora para mim. No início eu não conseguia nem tirar a cabeça do chão! Meu corpo era pesado, meus braços não se alongavam, me causava um desconforto generalizado. Aos poucos, conforme o alongamento e a força melhoraram, a postura foi se construindo e, hoje, já consigo alongar bem os braços, erguer bem o quadril e sentir o delicioso alongamento de todo o meu corpo. Claro, ainda não está perfeito! Sei que são necessários ajustes ainda. Mas sei que eles vão acontecer, de maneira natural, da mesma forma que já vem ocorrendo. 


Tudo aquilo que é diferente e que não estamos acostumados não será perfeito no início. Sentiremos dificuldade, vai doer as vezes, não vamos conseguir aguentar por 1 segundo. Vamos nos sentir frustrados as vezes. Vamos sentir vergonha em outras. Mas o processo de aprendizado é assim em qualquer área. Por exemplo, todo bom músico um dia teve que começar tocando suas primeiras notas, brincando com o instrumento, descobrindo os sons e todas as maneiras de tocar. Todos eles desafinaram inúmeras vezes, erraram outras tantas até que, um dia, eles conseguiram tocar a primeira melodia. Com o nosso corpo não é diferente. Precisamos sentir e entender internamente o que estamos fazendo, brincar, explorar, tentar até que nossa consciência corporal esteja refinada a ponto de sabermos exatamente o quê - e como - estamos fazendo. 

Esse caminho até chegar no asana é o caminho do autoconhecimento, da auto aceitação; do entendimento dos nossos limites, das nossas fraquezas, mas também das nossas potencialidades e facilidades. Da compreensão de que somos um indivíduo único e, portanto, temos nosso próprio caminho. Esse caminho, pode ser diferente do outro. Por isso é tão importante que a gente não busque no externo, que a gente não se compare, que a gente não tenha tanta pressa. A caminhada nos ensina mais do que a completude do asana. Ela testa a nossa persistência e revela a impermanência constante da vida. Afinal, hoje você pode ter executado o asana de maneira muito plena e amanhã, ao tentá-lo novamente, pode ser que você não tenha o mesmo resultado. Isso pode acontecer por diversas razões que você poderá explorar internamente e descobrir, mas a lição principal é a impermanência, as mudanças que ocorrem a cada segundo no nosso Ser e que nos torna completamente diferentes de quem éramos no dia anterior. 

Por isso, hoje, mesmo sabendo que ainda há evolução para ser alcançada nesse asana, não perco a oportunidade de fazê-lo. A alegria que eu sinto todas as vezes que eu ergo o meu tronco do chão, é o reflexo de toda uma jornada anterior, de todas as dificuldades que eu encontrei até conseguir chegar aqui. Me enche de alegria, de paz e de amor saber que eu consegui e que hoje pode ser que eu consiga um pouco mais. E que, mesmo não estando "perfeito" ainda assim o é para mim! 😊

Que todos os seres possam vivenciar a paz,
Namastê
ॐ 

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